terça-feira, 29 de dezembro de 2009



"Quem é feliz não repara nas horas que passam."
(Alexander Griboiedov)

domingo, 27 de dezembro de 2009

EM HOMENAGEM A UM CAMARADA E AMIGO

PELA CORAGEM MOSTRADA
PELO CAMARADA PARREIRA
NUMA POESIA PUBLICADA
DEDICO-LHE ESTA BRINCADEIRA

ESTA PRETENSA POESIA
POR ACASO ACONTECEU
COMO RESPOSTA A UMA ASIA
A QUEM COM ELA PADECEU

É UMA FORMA DE DIZER
O QUE TENHO EMBARCADO
NÃO ME DÁ NENHUM PRAZER
MAS FICO MENOS SUFUCADO

ALGUNS SE ENFURECERAM
NA PALAVRA QUE SE ENCALHA
E DE IMEDIATO O ABATERAM
COM O COGNOME DE CANALHA

É PRECISO SABER ACEITAR
A MÁGOA DO NOSSO SEMELHANTE
QUE SE CONTINUA A DEITAR
TENDO A GUERRA COMO AMANTE

SENTEM-SE SEMPRE BELISCADOS
PELO FEL DO CORAÇÃO
NA LAMA ESTÃO ATASCADOS
MAS O ÓDIO, NÃO É SOLUÇÃO

ENTRE DIVISAS E GALÕES
GRAVITAM AS CONTUNDÊNCIAS
UNS SÃO SEMPRE PARVALHÕES
OS OUTROS SEMPRE EMINÊNCIAS

FOI Á CUSTA DOS ZÉS SOLDADOS
QUE NA CARREIRA PROGREDIRAM
E HOJE SÃO MAL TRADADOS
PORQUE TUDO LHES ATIRAM

A PALAVRA COMANDANTE
NO MATO NÃO EXISTIA
NINGUÉM ERA ARROGANTE
E TODA A GENTE RESISTIA

QUANDO SE É INTOLERANTE
OU SE DESPE DA ARROGÂNCIA
OU SE TORNA HILARIANTE
OU VOLTA DE NOVO À INFÂNCIA

TODOS TEM A LIBERDADE
DE LHE DAREM OUTRO SENTIDO
SEM SER TESTE À SANIDADE
É UM DIREITO PERMITIDO

SÃO NARRATIVAS AMARGURADAS
ARMAZENADAS NA MINHA MEMÓRIA
NÃO AS QUERO ENCLAUSURADAS
OU TÃO POUCO FAÇAM HISTÓRIA

UM ABRAÇO A TODOS OS ZÉS PARREIRAS

MÁRIO MANSO

UMA RESPOSTA BEM DISPOSTA, MESMO PARA QUEM NÃO GOSTA

A Fuzo poesia não é contenda
Nem nenhum campo de batalha
E é pena que não se entenda
Que são reflexos da metralha
E triste que alguém se ofenda
Com um verso em que se encalha

Será que ainda é proibido
Podermos desembarcar
O que na alma está escondido?
Mas já não é possível estancar
Algo que está corroído
Por tanto nos sufocar

É poesia de meia tigela
A que ninguém passa cartão
Mas que diz de forma singela
O que nos vai no coração
E se descobre alguma mazela
Desculpem a falta de instrução

Depois de tantos anos
De a guerra ter acabado
Ainda continuamos tiranos!
Será da patente de soldado
Que nos dão tantos abanos
E nos querem por de lado?

Temos direito à dignidade
Que a par e passo nos negaram
Mas continuo a ter saudade
De todos quantos navegaram
Nos ventos da liberdade
De que muitos não gostaram

Todos quantos foram à guerra
Tivessem ou não galões
E que enfrentaram a mesma fera
Não se mostram valentões
Não gravitam noutra esfera
Nem continuam parvalhões

Houve muitos oficiais superiores
Que nunca de forma resoluta
Mostraram que tinham valores
Porque era necessário, conduta
Para merecerem os louvores
Que apenas se ganham na luta

Foi sempre uma aberração
Dar posições de comando
A quem faltava preparação
Apenas iam complicando
Embaraçando a situação
Da avioneta posto de mando

Custa-me muito constatar
Que ainda haja olhos turvos!
Ponham gotas para dilatar
Porque os ombros estão curvos
E a morte é que vai ditar
Que deixaram de ser parvos


Há algumas condecorações
E muitos outros brilharetes
Para quem não teve condições
Porque não é nos gabinetes
Que há adrenalina e pulsações
Que criem os tais ambientes

Quando a poesia tem verdade
Que a muitos custa aceitar
Não lhe retira dignidade
Nem é para no lixo deitar
A muitos, custa a realidade
Que não é difícil constatar

Camões no seu pedestal
Deve ter sido censurado
Mas continua de pedra e cal
Sem um verso excomungado
Mesmo às vezes radical
Tem um valor conceituado

Há homens injustiçados
Que é preciso entender
Estão a ficar despedaçados
Sem se conseguirem defender
E muito embaraçados
Com a frieza do poder

É da classe de oficiais
Que hoje é deficiente
Das especialidades navais
Que perante seu cliente
Com cinco tiros e mais
Se mostrou sempre indiferente

Há muitas mágoas acumuladas
Com injustiças à mistura
Que não podem ser caladas
O que seria contranatura
Porque faltam contas saldadas
Com danos em clausura

Há milhões de portugueses
Que não entendem Camões
Até os cultos por vezes
E não se tratando de sermões
Temos por ai muitos fregueses
Que de espírito são bem anões

Eu não sou deficiente
E fui ferido em combate
Mas se ser-se consciente
É um princípio para abate
Serei sempre consequente
Até que um tiro me mate

Que ninguém se sinta ofendido
Por algum desembarque frustrado
Porque não há inimigo escondido
De que vale ficar irritado
Num lamaçal perdido

Por todos, já rejeitado

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

JANTAR DA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS






JANTAR DE NATAL ASSOC. FUZILEIROS











Com amigos palreando
Momento especial e nobre
O meu abraço lhes mando
Não há preço que o cobre





Não eram muitos, mas bons
Não faltaram à chamada
De vários estilos e tons
Com amizade encadeada

SEM ABRIGO OU NATAL AMIGO

São as festas, são os natais
Faustosos ou indigentes
São quadras infernais
Para uns, sempre diferentes
Para outros, sempre iguais
Sejam agnósticos ou crentes
Para uns, coisas demais
Muitos ficam, indiferentes
Nem direito a ter ideais
Podem estar descontentes
E tornarem-se marginais
Com a conta já nos batentes
Em nada são iguais
E tudo os torna diferentes
E porque se sentem a mais
A tudo são resistentes
Não fales muito, estão à mão
As algemas e as correntes
Obras-primas da prisão
Onde já existem parentes
Um amigo ou um irmão
E ai de ti, que te tentes
Levantar porca da tua mão
O frio apanha-te os dentes
Durante uns dias não há pão
Nem um banco onde te sentes
Ou deitares-te num colchão
Não há direito a ambientes
Ou mesmo à indignação
Cala-te! Não te lamentes
Ou és tratado como um cão
Sejam agnósticos ou crentes
Afinal! Quem tem razão?
Sou um dos muitos combatentes
E a guerra não foi ilusão!
Estou triste, não mostro os dentes
Tenho frio, e os pés no chão
Sou do povo das nossas gentes
De que valeu a dedicação?
Enfrentando lutas em três frentes
Mas os governantes da nação
Mostram-se apenas indiferentes
Simplesmente dizem que não
A direitos tão evidentes
E como estão em contra-mão
Querem que morra que nem um cão
E sem direito a ter razão,
Mas isso, Não, Não e Não!

Mário Manso Fuzo Combatente

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

SACOS DE CIMENTO OBRA SÓLIDA!


Ninguém já subscreve, aquela palavra com que alguns gostavam de apoucar os Fuzileiros, (os sacos de cimento) por ciúme? Por inveja? Talvez por deformação! E se isso aconteceu, foi porque os Fuzileiros durante alguns anos só foram colocados à prova na guerra colonial local, de onde a grande maioria das outras especialidades estava arredada.

Cumprimos as missões que nos foram confiadas, sem deixar mal a Marinha. Depois da guerra, paulatinamente os Fuzos foram conquistando a admiração e outro tipo de respeito dos outros filhos da escola porque mais de perto foram conhecendo as suas capacidades. Foram entrando em cursos com os outros, não sacos de cimento, e muitos deles com todo o seu gabarito, ficaram na sua retaguarda nas classificações. Existem vários casos conhecidos de algumas dessas bofetadas sem mão, mas ainda bem porque se fosse com ela, e fechada, dariam um enorme trambolhão o que algumas ocasiões, era bem merecido.

Isto, para dizer que o exemplo de alguns blogues, são tambem prova de que os Fuzileiros são homens de grande capacidade tal como o são, os camaradas de outras especialidades. Dizer também, de que, conheço cinco Comandantes de avião, mas há mais, que foram Marinheiros Fuzileiros uns, e Oficiais Fuzos outros. Conheço também, dois Médicos, mas há mais, que foram Praças da Armada da classe de Fuzileiro, muitos outros há que por ai vão estando no anonimato, que alcançaram lugares, e conhecimentos de craveira, sendo mesmo figuras públicas, como seja o caso de autarca, deputado, ministro, ou ter um alto cargo na Policia Judiciária. Exemplos é coisa que não falta oriundos da classe de Fuzileiro, temos mesmo homens que depois de terem recebido uma instrução de elite são hoje Padres, até aquela figura que muita gente não esquece, quando na ponte sobre o Tejo muito serenamente arrastou para o chão, os cinco ou seis GNRs que a ele se agarraram e porque não estava a fazer qualquer mal, reagiu como um grande Fuzileiro que foi, é, e será sempre. O que também faz a diferença, é que são para sempre! Não esquecer os Fuzos que concorreram a mergulhadores, e que tal! Não deram bem conta das tarefas? E os homens oriundos dos (sacos de cimento) que são das várias forças de segurança, com provas dadas, sendo mesmo requisitados, porque será? Nos bombeiros ou Policia Marítima também se distinguem! A Marinha orgulha-se dos seus Fuzileiros, e terá razões de sobra para isso, coisa que não sobrará tanto, de alguns outros.

Nunca no tempo em que estive no activo, alguém teve a ousadia de me tratar pelo dito, porque certamente, as contas seriam ajustadas no momento para lhe servir de emenda.
Mas tudo isso, se diz agora, serem crispações, deformações e até ingratidões do passado. Mas do passado é também, a proeza de um camarada fuzo que com outras dezenas de candidatos de toadas as origens do meio Militar, desde o posto de Sargento para cima, Coronéis, Doutores, e Engenheiros, eram num curso, em que vários crânios se candidatavam a um primeiro lugar na área de explosivos matéria que estava em causa. Mas como os Fuzileiros nunca deixaram seus créditos por mãos alheias, foi o Sargento FZE, de nome António Milheiro Varandas o homem, a honrar mais uma vez a Marinha, ficou em primeiro lugar.
Omiti os nomes dos outros Camaradas, deste não, porque sei que não se importará.
Temos vários camaradas de armas na legião estrangeira, será porque é fácil? Não certamente, porque porque diz o escrito na UMD, SE FOSSE FÁCIL ESTARIAM CÁ OUTROS

O que seria normal era ter-se respeito por aqueles, que mais arriscam a vida e mais morrem.
Na Marinha, quem são?
Mário Manso
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O INFILTRADO

Este foi um dos escritos com que quis, em certa altura, dos conturbados acontecimentos da vida associativa, codificar um infiltrado que, para mim, não foi inventado.
Não sei bem com que palavras hei-de começar a descrever do que entendo ser um infiltrado. É que nunca se sabe, se não terá também penetrado na minha mente. Sempre tenho ouvido falar de infiltrados, em tudo quanto é sítio mas nunca me passou pela cabeça, que isso pudesse também acontecer na Associação de Fuzileiros, ainda que saiba, que nos meus tempos de operacional já existiam os pretendentes a agentes da PIDE estagiando, alguns deles com o título de bufos. Já no tempo, houve camaradas de armas apunhalados pelas costas por quem se fazia amigo, dormia ao lado, comia do mesmo e sofria as mesmas agruras da guerra. No entanto, alguns deles, totalmente disponíveis para espetar a faca, servindo os desígnios de quem não queria o seu poder ameaçado. Continua a haver pessoas que se prestam a tudo, desde que vislumbrem que podem tirar alguma vantagem dos favores prestados. A irracionalidade apodera-se facilmente deste tipo de gente que não olha a meios para atingir os fins. O pensamento é a coisa mais democrática que existe, pode-se pensar tudo sem ter contestatários, mas, quando se tenta colocar em prática o que idealizámos, é que a porca torce o rabo, ou seja, gato escondido com rabo de fora. Os contornos de algumas práticas consequentes leva, mesmo qualquer invisual, a ler as evidências das práticas do pensamento transformando-se em Braille. Ou seja, a ideia colocada à luz do dia pode atraiçoar o infiltrado, que de iniciativa própria ou a mando, começa a propalar estratégias que se tornam em distintas peças de lego, porque tudo se começa a encaixar. No tempo em que fiz a guerra, a lealdade foi um padrão com que ombreamos, onde até um infiltrado bem treinado nunca se desmarcava totalmente.
Bem a propósito estes considerandos, para penitenciar a franqueza que sempre existiu na maioria do componentes dos corpos sociais da Associação de Fuzileiros, aqueles que lá estão para servir, o oposto de outros que se querem servir, projectar socialmente e mostrarem que têm poder mesmo que balofo.
Para as eleições de Março de 2008 dinamizou-se uma lista, que pela primeira vez, teve como presidente um ex Marinheiro, ainda que o seu estatuto tivesse uma equiparação acima de oficial superior, nunca foi aceite pelos senhores que se sentiram menorizados hierarquicamente como se a Associação, de uma unidade militar se tratasse. (pensamento meu) Dai, a dificuldade raiando a arrogância, de digerir uma tal situação. (digo eu) Para quem continua a movimentar-se no meio, não era tarefa difícil encetar estratégias para atingir fins confessos, coisa que ao ser tentada, não surtiu os efeitos desejados, ao nível dos mais altos responsáveis da Marinha, e muito menos foi conseguido no que toca à grande maioria dos associados. As pessoas quando querem atingir determinados objectivos utilizam todas as formas mesmo as matemáticas, e se houver à mão quem se preste para fazer o trabalho de ardil tanto melhor. O pensamento é livre, as conclusões são ditadas pelas práticas mais ou menos descaradas, de quem, artisticamente coloca em cena um argumento, nada convincente com tão rudimentares cenas apresentadas. Fácil é chegar à conclusão que não é tudo ilusão, ou por acaso, mas sim, frutos de ocasião. O momento irradiava facilidades para se actuar. O comando (in;) estava moribundo, as forças enfraquecidas porque estrategicamente divididas, a destabilização, seria o princípio do fim. Se assim foi pensado, os artistas intervenientes fizeram bem o seu papel. Mas para colocar em cena final qualquer argumento, é sempre aconselhável uns ensaios, e isso foi sendo feito a partir do dia do Fuzileiro.
A partir daí, houve os artistas activos e os passivos, estes últimos, imbuídos de um espírito construtivo, conjecturo eu, como impunha o momento iam aceitando as cenas mais ou menos tristes, que nem recorrendo à mímica se entendiam, mas deixavam um ambiente cheio de perplexidade na maioria das pessoas que ali colaboravam com a tal lealdade! Aproveitou-se de tudo, cenas tristes foram as mais provocadas e encenadas, mas não assumidas. A unidade por mais de elite que seja, quando falha o timoneiro, o imediato, e o primeiro-oficial, qualquer pequeno vendaval pode colocar a fragilizada nau em risco, mas, com boa vontade e espírito de equipa, (mesmo que o posto seja cabo) pode-se levar a bom porto, para mais, quando ele já se encontrava à vista.
Assim não entendeu a autoridade marítima que colocou fora de combate toda a tripulação, nomeando de seguida, uma equipagem temporária, abrindo caminho para um assalto projectado. Pensa-se até, que haja um agente infiltrado, e tenha sido o mentor da operação desencadeada.
Não se consta nos meus parcos conhecimentos, que na falta do Cte. e do Imediato, se nomeie um homem do paiol, quando existem homens em lugares mais elegíveis. Isto é, e foi contranatura, mas como fazia parte dos planos, presumo eu! Esteve perfeito. Arvorar-se em Cte. se calhar, mesmo sem curso, entrar em conflito com o mestre, tenta dar palpites ao financeiro, e afrontar o único, ainda que incipiente homem, que desde a primeira hora muito se esforçou na feitura do desembarque. (oito números) Teve ainda a agravante, de fugir à responsabilidade na resolução de um problema que afectou a estrutura moral de uma pessoa da guarnição. Depois, insurgindo-se contra a sua substituição de uma forma inusitada transparecendo algum incómodo, tentando mesmo influenciar com propósitos descabidos, uma outra, qual solução!
Configura-se o assalto estrategicamente planeado, cujos contornos são evidentes. O primeiro dos quais, sobressai da pressa manifestada pelo presidente da comissão de gestão último demissionário, dos corpos sociais ora em exercício, quanto à data de entrega das listas concorrentes, tendo ficado aceite em reunião da comissão de gestão o dia 20 de Novembro, mas afinal, a circular mandada aos sócios evoca o dia 13 de Outubro! Tudo isto não será por acaso e se assim penso, é porque o pensamento é livre. Provem-me que não tenho o direito de assim pensar, não afirmo nem desminto, que tudo terá sido estudado ao pormenor. É que, a questão dos agentes infiltrados, muitas vezes funcionam dos dois lados, no caso em apreço, não, porque o dito cujo, só por si, acabou por funcionar para os dois flancos. Direi para finalizar, que toda a arquitectura que foi esboçada teve a colaboração de pessoas, que embarcaram num barco cheio de rombos, guarnecendo e apoiando um sem número de riscos, mal avaliados. Foram coniventes com os objectivos mesmo que fraudulentos, porque é mesmo disso que se trata. Foi uma jogada feita por uma equipa que joga muito na retranca por falta de avançados, mas que neste jogo aproveitou os jogadores da equipa adversária, para marcarem golos na própria baliza.
A equidade deve pautar-se por princípios justos, assim sendo, nunca se deve fazer julgamentos ouvindo só uma das partes, existe o direito ao contraditório, e como toda a gente sabe disso, não se aceitam agora, algumas desculpas esfarrapadas, tentando justificar o injustificável. Não é fácil gerir traições, para mais, alvitradas pelas anuências de pessoas de quem não esperávamos tanto secretismo, como convinha! Conscientemente ou não, eu não sei! Minha frustração é grande, mas a vida contínua, e a Associação de Fuzileiros já é uma instituição, que não se afunda, mesmo com temporais não previstos pelo boletim meteorológico. Certamente, que cedo ou tarde haverá reacções! Veremos! E a primeira reacção aos acontecimentos foi, a que não podia deixar de ser, afastamento de quem desestabilizou, e instrumentalizou, sem qualquer pudor, pessoas de bem e com um espírito de camaradagem que ele terá medido mal, por não ter sido formado nesses princípios, como o são os Fuzileiros.

Mário Manso

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

AO COMBATENTE SEM ABRIGO

São as festas são os natais
Faustosas ou indigentes
São as quadras infernais
Com diferenças persistentes

Os sem abrigo combatentes
Para quem a guerra não foi ilusão
Estão tristes, não mostram os dentes
Estão com fome, frio, e pés no chão

E os governantes, sempre indiferentes
Querem que acabem que nem um cão
Mas são filhos das nossas gentes
Do povo simples desta nação

Tanto lutarem em três frentes
E agora, a tudo lhes dizem não
Essa cambada de inconscientes
Estão sempre em contra-mão

Alguns políticos e dirigentes
Falta-lhe alguma sanidade
São arrogantes e indigentes
E sem qualquer sensibilidade

Julgam-se que nem videntes
Sem enfrentarem a realidade
Esquecendo os combatentes
Com vida, mas sem qualidade

O que tinham, tudo deram
Sangue, lágrimas e juventude
Alguns, em caixotes vieram
E o desprezo é a atitude

Não esqueçam esses amigos
Porque eles, são nossos irmãos
Mesmo com o rótulo de mendigos
Abracem-nos com as duas mãos

Mário Manso Ex. Combatente Fuzileiro
Bem vindo ao meu Blogger
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Contador gratuito

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

VALE SEMPRE A PENA LUTAR


O ser humano, sem se aperceber, algumas vezes, é colocado à prova, mesmo até, quando cai inadvertidamente numa qualquer teia, tecida por um daqueles aranhões repelentes ou peçonhentos, prontos a envolver todos, quantos pense, lhe possam trazer vantagens para os fins que tem nos seus horizontes.
Há campos mais ou menos férteis para actuações deste tipo de gente, e a Associação de Fuzileiros, serviu às mil maravilhas, para mais, quando se é detentora de um património de qualidade tal, que nem precisa de ser autenticado pela casa da moeda. Quando existem estes valores, os assaltos projectam-se a cada esquina, e se esquematizam nas mentes mais ou menos propensas não perder toda e qualquer oportunidade. Mas estando-se por dentro, tudo se torna mais facilitado e muito mais apetecível.
Nem todos os vampiros se alimentam do sangue das suas vítimas, existem os que mordem de outra forma, outros que vão espetando farpas aqui e ali, no sujeito indefeso, ou desprevenido. É assim que de forma calculada, a árvore que não é imaginária, vai dando os seus frutos, e então, vai-se regando a dita para que os ditos frutos, tomem uma forma o mais estruturada possível, depois, há que amadurece-los e dá-los a comer a um número conveniente de pessoas e devidamente seleccionadas. Mas inconveniências, acontecem por vezes, quando a fruta não chega a amadurecer o suficiente, podendo vir a e provocar uma indigestão. Quando o meio ambiente se torna hostil as coisas complicam-se e a fruta começa a ser recusada, por estar verde, bichada, podre, ou com todas as mazelas.
Terá havido pessoas, que mesmo assim, ingeriram quantidades substanciais, do produto contrafeito, bem apresentado, mas com defeito, figuras essas, a quem não era fácil fazer-lhes chegar o antídoto em tempo útil, para que não houvesse uma indigestão. Penso que para bem da instituição e das pessoas honestas que à sua volta gravitam, foi bom os paramédicos não terem desistido das tarefas que lhe cabiam, que era defender a honra da verdade, e a instituição.
Podia ter sido tarde demais, não fora a resistência encetada com atitudes, que sem tibiezas surtiram o efeito desejado, mostrar a face oculta do aranhiço metediço onde cada compromisso, atitude ou gesto não era omisso.
Os Fuzileiros, como todos quantos se movem despidos de segundas intenções nas associações, não gostam de ser torpedeados, por quem terá, eventualmente, objectivos pessoalíssimos, contrários ao associativismo. Quando esta verdade se coloca nua e crua o mais correcto é indicar-lhes a porta da rua.
É grave demais, é imoral, é digna de todos os nomes feios, quando se utiliza o estado débil de uma pessoa, detentor um património de valores morais, seja levado, a fazer o que se entende destoado de qualquer lógica, isto, fazendo fé no rótulo colocado em todas as atitudes, ordens e feitos, em nada desfasadas do absurdo, (são ordens do senhor presidente) era contraditório de mais para quem julga, conhecer minimamente o então presidente.
Usar e abusar de alguém, é, sintoma de quem julga os destinatários como uns incultos imbecis, esquecem-se os arautos da esperteza, de que as capacidades são ditados muitas vezes por outros valores, em que se mistura a lealdade, a honestidade, e a solidariedade, despido que esteja, do posto de comandante, porque é praça, de universitário, porque só tem o 2º grau, do deputado, quando é apenas, um sério cidadão, mas que não deixa de lutar, só porque os constituídos inimigos, se mostram poderosos. Leva-los à razão, mostrando-lhe que só estão de posse de falsa razão, é fazer-lhes puxar a culatra, e tirarem a munição, porque sendo inteligentes, recusam dar um tiro no pé, e isto acontece com pessoas inteligentes, que recusam quando detectados, os falsos subservientes.
Como diria alguém: homem que não luta quando tem a arma da razão, não é gente decente, é a negação em contramão.
As pessoas que venham a ler estas prosas, especialmente sentidas por quem as escreve, podem não as entenderem, ou aproximarem-se sequer das razões do seu delator. Mas todos nós temos direito à indignação, quando somos provocados por alguém, que se julga e pratica actos de uma esperteza saloia, (com o devido respeito) prejudicando pessoas e instituições. Como é sabido, as reacções podem provocar resistências quando se apresentam e denotam contornos desfasados de lógica e objectivos, e foi isso que provocou uma luta, da qual resultou apurar de que lado estava a razão. É verdade que nem sempre a razão ganha, mas sem luta nada se consegue, por isso as lutas a todos os níveis, que se vão desenvolvendo por todo o lado, normalmente, tem dado aqui e ali os seus frutos.
Também isso aconteceu na Associação de Fuzileiros onde o sedentarismo localizado, e arrogante por interesses pouco confessos, ditaram uma luta de razões, de que não se pretendia vitórias, mas tão apenas e só, fazer cair uma máscara que ia sendo retocada, e aceite como se de um anjo da guarda tratasse.

Mário Manso

"Jamais me submeterei às horas:
as horas foram feitas para o homem,
e não o homem para as horas."
(François Rabelais)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

UM DOS MUITOS AMIGOS

















Há Amigos que não envelhecem, ou tão pouco esquecem. Assim acontece com um dos vários amigos forjados nos Fuzileiros. Este tem sido de facto um local que se tornou num autêntico viveiro, onde ainda hoje continuam a florescer. É frequente encontrar camaradas de armas, com quem me cruzei pela primeira vez e de quem facilmente ficamos amigos, sujeito nestes casos, (de amor à primeira vista) a que apareça alguma desilusão. Felizmente que a grande maioria, ficaram para sempre porque trouxeram, sem nada quererem levar em troca, que não seja, a mesma amizade saudável, com que nos vamos marcando uns aos outros.
Voltando à razão deste meu débito, que é, um camarada e Filho da minha Escola, com que sempre ombreei desde a recruta, ITE., curso de Fuz. Especial, e que depois, veio também a fazer parte do mesmo destacamento no ultramar, chamado Amílcar, nome de guerra de Russo. Este amigo, cujo nome também alimenta a história do Esquelas no livro Fuzileiros Força de Elite, era um grande militar, apenas tinha um senão, que era, o não admitir que o pisassem sem razão, coisa que acontecia algumas vezes com muitos daqueles mortais que só se sentiam gente grande, quando faziam o que éticamente não deviam. Portanto, ajustar contas o mais em cima da hora possível, era para ele ponto de honra para que os juros não se acumulassem, ou se viesse a perder a oportunidade de pagamento.
Saiu da Marinha em fins de 1965, depois de estar envolvido em algumas actividades, tornou-se num potencial imigrante, durante alguns anos na Europa e depois nas terras do tio (deles) Sam. É sócio da Associação mesmo na América! O que contrasta bem, com outros camaradas que tão perto da sede questionam, o que é que ganham em estarem ligados á instituição! Palavras, para quê! Não é Fuzileiro para sempre! Já se vê.
Numa das suas visitas a Portugal, tivemos a oportunidade de tirar uma foto juntos, depois de mais de quarenta anos passados, de uma outra tirada no Zaire. A equipa que formamos no destacamento era, o único grupo mais jovem da unidade. Todos da mesma escola, e todos voluntários, penso mesmo, que não terá existido situação igual nas unidades constituídas, durante a guerra colonial, dado que havia uma norma consensual que predominava, que era, distribuir pelos mais antigos as respectivas chefias. Como se sabe, as equipas eram sempre chefiadas, pelo mas graduado ou antigo no número, e a nossa unidade tinha muitos camaradas bem mais velhos que os nossos dezoito anos, mas no nosso caso, era o mais marreta no algarismo, mais jovem na idade, só que tinha dado mais pontuação no curso e isso ditou o posto de comando, da que era a equipa de exploração ou seja, a que ia sempre à frente, que embarcava no primeiro hélio, e o último grupo abandonar o terreno.
Com este amigo, vivi e convivi durante mais de dois anos, e tenho retidas muitas peripécias, que não serão muitos, os que se podem gabar de lhes ter dado também estrutura. Vou apenas dar corpo a duas, uma delas, era a de que, este camarada engordava nas operações, mesmo naquelas com duração de dez dias, outra, aconteceu no rio Zaire no posto da Macala: ao experimentar um motor, zarpa sozinho e numa zona muito afastado da margem depois de colocar o motor em ponto morto, para fazer uma analise de comportamento, e estando em pé á sua frente o dito engatou-se de marcha á frente, tendo-o projectado para cima do volante, que por estar sem protecção, lhe rasgou a barriga com queda imediata para a água, o bote ficou a rodar para estibordo á sua volta, e ele consegui, só com uma mão agarrar o bote, dado que a outra ia segurando as tripas que queriam sair, recolhendo sozinho ao posto onde foi depois socorrido.
Foi sempre muito solidário, podia-se contar com ele sempre, e em qualquer situação, mesmo que aparentasse dificuldades.
Tem sido muito reconfortante em todos estes anos (10) que estou ligado à Associação de Fuzileiros ter a possibilidade de conhecer camaradas que de outra forma não vinha a conhecer, desde o Sr. Grumete ao Sr. Almirante, e mesmo muitos outros amigos dos Fuzileiros, que sendo sócios Simpatizantes da Associação vão participando nos eventos. E assim, vou ficando mais rico, com estes contactos, únicos proventos que me vão enriquecendo, fruto das muitas amizades que vou compartilhando.
Para todos os amigos, futuros, e os nunca, um abraço
Mário Manso




segunda-feira, 30 de novembro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Há Animais que não esquecem. Há homens que recusamos lembra-los

A palavra, seja dita ou escrita, tem a força que tem, em função do momento, a quem se diz, e o que se quer exemplificar. Direi mais uma vez, que quanto mais conheço alguns homens, mais acarinho os animais, porque são, acima de tudo, leais. Como me lembro com alguma frequência do meu amigo Dembos, aqui vão mais umas fotos do seu comportamento, que ilustram o seu grau de prontidão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Alguns reparos.

Aproxima-se o acto eleitoral, este, pela primeira vez fruto da extinção dos órgãos sociais, pelo Senhor Presidente da mesa da Assembleia Geral em reunião convocada, estranhamente, pelo vice-presidente em exercício, e pelo Presidente do Conselho Fiscal. Foi efectivamente, para a maioria dos elementos presentes na reunião uma surpresa, o que não o terá sido eventualmente, para outros e quem sabe, mesmo para quem não pertencia aos órgãos sociais.

Já no mandato do biénio 2002/2004, houve uma situação, mais crítica do que, a que foi desta vez “provocada” porque o presidente sofreu um acidente cerebral, o vice-presidente ficou inoperativo também por razões de saúde, e o secretário faleceu. Aqui, funcionou o esforço a solidariedade, e como baluarte, esteve sempre a lealdade de alguns elementos que se agigantaram conseguindo gerir a Associação até ao acto eleitoral previsto, que temporalmente era mais ou menos o de agora, só que as ambições que se perfilavam eram bem diferentes.
Desta vez, era preciso incendiar o bom relacionamento que o momento exigia, e criar focos de animosidades. Pensa-se até, que actuações previamente estudados.
O factor surpresa, foi e continua a ser, uma forma utilizado pelos Fuzos para aniquilar o inimigo e conquistar o objectivo, não se esperava que tal manha fosse posta em prática contra os seus próprios camaradas. Isto não foi jogo limpo, e se o objectivo era conquistar a Associação desta forma, a instituição e os seus sócios, não mereciam tanta falta de lealdade, uma palavra, com conteúdo muito caro aos Fuzileiros, uma família, que apadrinha quem gosta da sua forma de estar. Não há passador que elimine todas as impurezas, e sempre aparece um infiltrado que como o nome indica, fugiu ao controlo, que se pauta apenas, por acreditar no camarada, mesmo que mentindo, tenha dito ser Fz sem o ser! Não sei! Mas acreditar na sincedidade de uma qualquer gente, tem os seus perigos, quando se lida com determinado tipo de pessoas, quando não fala sinceramente, de forma objectiva e consciente, como depois se vem a constatar.
Uma qualquer associação para que perdure tenha aderentes e colaboradores, tem que ter vida associativa, e não só o nome. Que eventos! Que iniciativas! Que formas para cativar os mais renitentes a fazer parte do grupo! Tem que se ser criativo para que os sócios se não se sintam apenas, com o direito de pagar as quotas. A Associação de Fuzileiros também faz a diferença, pelo tipo de sócios que tem, vejamos então: os simpatizantes, são também do melhor que tem, que se lhe oferece? que não seja darmos-lhes a possibilidade de estarem ligados associativamente a pessoas de quem gostam! Mas é pouco, tem que se pensar em alterar os estatutos, para que lhe possibilitem uma outra participação na vida da sua associação. Não irem para os corpos sociais, isso é evidente e pacífico, menos não o é, quando não podem participar nos trabalhos das assembleias, penso que ao intervirem, dariam um contributo mais desapaixonado, o que seria certamente benéfico. Há lacunas que começam a ter barbas já brancas, por exemplo: quando é que a Associação se fez representar, na partida e chegada dos nossos Fuzos em missões no estrangeiro? E porque se não convidam os homens que em cada juramento conquistaram a boina, a fazer uma visita à Associação oferecendo-lhe nem que seja, um moscatel de Setúbal, na falta de uma camisola da casa! Quando é que se sensibilizaram os responsáveis dos cursos para se poder dar uma palestra para que o espírito entre velhos e novos saia reforçado! É preciso mostrar-lhes que a instituição é de todos (sejam ou não sócios) e não apenas dos ex. combatentes. Criar mesmo uma quota facultativa de15 ou 20,00 € para quem está no activo e queira, usufruir dessa prorrogativa. Felizmente que já se acabou com a jóia, que por ser um absurdo, alguns camaradas se não fizeram sócios.
Há de facto muitas coisas a fazer, para se atingir os objectivos que os fuzileiros merecem, também, através de uma prática mais participativa de uma Associação civilizada.
Mário Manso

domingo, 22 de novembro de 2009

Aqui estou de novo

Ora vivam todos quanto por aqui vão passando, aos que se retêm, ou mesmo os que passam como cão por vinha vindimada. Não tenho dado assistência que merecia a prenda que o Camarada de Armas e Amigo Vitor Costeira me ofereceu que foi, a feitura deste ao blogue. Mas por falta de paciência, até mesmo para me aturar a mim próprio, às vezes, tem contribuído para tal letargia. A paciência é efectivamente um factor importante para que estejamos munidos da paz suficiente para lidarmos com memórias, converte-las em histórias, mesmo que, sensórias ou ilusórias. Mas quando nos falta esse estado de espírito, porque se é obrigado aturar as madurezas de outros já bem crescidos, é obra tão impeditora, que não deixa que outras surjam.
Prova ou justificação, ou nem uma coisa nem outra, aqui vai a primeira lamúria de umas quantas a que vou dar o nome de “HERÓI COM PÉS DE BARRO E NARIZ DE PINÓQUIO” que retrata uma pessoa que se infiltra, deu empurrões, cria uma teia onde envolve alguns incautos, pessoa que não olha a meios para atingir fins, único senão, dizer ter sido politico, classe que não se escandaliza quando tratados por mentirosos.

Para que se conquistem objectivos
É estratégico tentar conhecer
Os movimentos mais primitivos
E não nos deixarmos adormecer

EMPURRÕES NÃO!!!!
Endereço a todos os camaradas de armas dos corpos sociais da Associação de Fuzileiros, esta minha reflexão, (se assim quiserem entender) sobre a tempestade; em que se encontra a navegar este nosso, aparente fragilizado bote, mas que, por ser teimoso e resistente, continua em frente, porque a outras tempestades ainda mais desbastadoras ele sobreviveu.
Não fora o infortúnio que nos bateu à porta, pela incapacidade do nosso muito querido Presidente, e não estaríamos a navegar um pouco ao sabor das ondas, algumas vezes, demasiadamente alterosas e manhosas, que vão criando alguns problemas à navegação, que se esperava fosse, com rumo a bom porto. Direcção essa, ambicionada por todos; pensava eu! Hoje, interpretando a agulha magnética da fragilizada bússola que nos dita o rumo, estou triste, mas não vencido ou convencido, por este mar de acalmia aparente.
Como diz o ditado popular: homem prevenido, vale por dois, então, apoiando-me no dito, desconfio das correntes que se possam mover no seu leito, prontas a arrastar os mais incautos, e como me já senti, arrastado e empurrado, mais do que uma vez! E não fora a minha experiencia de quase dez anos, e pela primeira vez no associativismo, parideira de muita coisa boa mas também de asneira, e já me teria afogado.
Sei que não sou radical, mas não tão maleável, como se gostaria. Mas sê-lo-ei muito menos, quando querem, sem jeito e sem razão, empurrar-me do comboio em andamento, que tanto esforço também despendi para o colocar a andar. Ao contrário do que é lógico, foi mais fácil apanha-lo em bom andamento, do que parado, e já meio enferrujado, aí os heróis não apareceram.
Desculpem-me os meus amigos, os mais, os menos e os nada, deste meu desabafo. Entendam ou não, todos merecem este meu desafogo, que até, pode não ser totalmente entendido, (mas que pelo menos seja minimamente percebido) ou parecer destituído de qualquer fundamento ou lógica, mas pelo menos, que não me acusem de não alertar para a hipótese, de haver emboscadas pelo caminho, na conquista do objectivo.

As minhas saudações anfíbias.

O nunca ausente, quando presente: Mário Manso.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

REVENDO O FILME


De boleia muito gostava
Veja-se a sua felicidade
O grupo nunca largava
Pela sua cumplicidade

Em amena cavaqueira
Para o tempo passar
Sentados numa cadeira
Esperando pelo jantar


Para a carta de condução
Era necessário conduzir
No momento da instrução
Não se podia distrair

Já em Lisboa no seu espaço
Apreciando o rio e a paisagem
No seu condomínio terraço
Como a prestar vassalagem

Para o salto exercitar
Até servia a galinha
Não me podia descuidar
Porque nunca mais seria minha

Posto da pedra do deitiço
Em pleno Rio Zaire
Onde pairava o enguiço
Mais tarde veio o desaire


Ao treino não se furtava
Era mesmo grande artista
Qualquer coisa ele treinava
Até mesmo ser ciclista

Jogava a qualquer lugar
Não se fazia rogado
Quem o quisesse julgar
Tinha que ser moderado

Desportista aplicado
Sempre atento à jogada
Se não era respeitado
Usava logo a dentada

Sempre contribuiu
Com a sua capacidade
Às dificuldades não fugiu
Por isso a minha amizade


As fotos inseridas na postagem (marcas da guerra), foram todas tiradas em Cabinda na lagoa do Massabi quando decorria o ano de 1967, com o meu amigo Dembos, a mostrar que também sabe saltar, estar, partilhar e até perfilar junto a uma das marcas por nós deixada, que muito provavelmente já terá sido arrancada. Foi erguida na minha primeira comissão e pelo meu Destacamento. Se bem me lembro, dizia assim de forma sentida, ainda que ilusória: Homenagem dos que partem, aos que ficam, na defesa das fronteiras de um Portugal eterno. Este posto tem algumas histórias, tal como outros pontos onde estive, que me marcaram de forma indelével. Vou fazer duas abordagens por Bombordo, que, para quem não saiba, é o lado do coração, quando aproamos o nosso olhar. (avante) Nenhuma delas foi referenciada no nosso (vosso) livro Fuzileiros Força de Elite.

As duas, tem também como um dos artistas principais, o meu grande e muito racional canito. Aconteceu nesta terceira vez que fiz parte da guarnição deste posto, ser cabo de rancho. Era uma situação confortável e que me dava uma certa disponibilidade para ir fazer a minha psicó nocturna, numa sanzala (um povo indígena) bem longe das nossas instalações onde, tentava dormir (bem acordado) de vez em quando, com uma jovem nativa a cujo pai tinha comprado o cabaço, (virgindade) tudo numa boa, sem intimidar ou forçar, apenas, seduzindo-a sem as falsas promessas de a trazer para Lisboa! Aluguei um apartamento, (cubata) comprei lençóis, um mosquiteiro, e um candeeiro que gastava do petróleo que eu ia levando para o soba distribuir pelos seus patrícios. Por lá fui fazendo umas sentinelas, em tempo variável, sempre em função das horas em que era feita a patrulha, que alternadamente cobriam periodos diferentes do dia e da noite. A boleia era sempre garantida, porque estava concertado entre mim e o pessoal da patrulha, a abordagem diária, com a informação da hora estabelecida para partida da patrulha da noite. O inseparável Dembos, fazia continuamente comigo, parte da guarnição de um dos dois botes daquelas missões. (nocturnas) Depois de mais ou menos meia hora, desembarcávamos num cais improvisado existente naquele condomínio, (aberto) que se confrontava com toda aquela imensidão de água e que nas noites mais escuras, era uma autêntica aventura percorre-lo sem ir ao banho. Tinha sempre em conta as vantagens que era, desembarcar sem dar muito nas vistas “ouvidos” para que a minha presença fosse o mais ignorada possível, não viesse o diabo tece-las, porque ficar sozinho numa sanzala onde a hipótese de haver guerrilheiros era potencial e pouco incógnita, não era pêra doce e eu tinha isso sempre presente na minha estratégia, até mesmo se tivesse de abandonar o apartamento rapidamente, estava planeado Mas a irreverência da juventude, tem uma força avassaladora, ainda que às vezes, pouco credora. Mas neste caso, sempre que ia ter com a Maria dava conhecimento ao Comandante do posto, e do pelotão, hoje Doutor Paulo Marques bem conhecido na nossa praça, que me dizia com graça, que eu, estava a provocar o aparecimento de uma notícia (morreu o cabo Fuzileiro Especial Mário Henriques Manso em combate!) Retorquia-lhe que, uma guerra tem sempre activas, várias frentes e vertentes, algumas delas latentes, a que era necessário dar resposta, porque também na guerra coisas há, que se não se podem protelar, e que em último caso, se não houver alguém para colaborar, um homem tem que desenrascar a situação, o que acontecia na maioria das vezes.

Quando hoje faço o filme andar para traz, é que me apercebo do que a virilidade de um homem é capaz. Foi sempre um risco mal calculado é verdade, mas quando se anda bem acompanhado somos capazes de fazer coisas que hoje, nos fazem ter saudades de algumas peripécias vividas na juventude. O Dembos transmitia muita confiança, então, antes de sair do apartamento, o que acontecia de imediato com a chegada dos primeiros sons, tão característicos dos motores dos botes, naquele tormentoso silêncio da noite. Logo que abria a porta da cubata, o meu amigo imediatamente saía para analisar o exterior e quando de novo entrava abanando o rabo, era prenúncio de que não havia perigo e o caminho estava livre para o reembarque. Algumas poucas vezes, aconteceu, sair e começar a ladrar, obtendo como resposta ai ué!! senhor!! Senhor!! o Dembos, de facto não simpatizava nada com os indígenas, ao mesmo tempo que eles lhe dispensavam um enorme pavor, coisa que até dava jeito.
Assim aconteceu muitas vezes em outras situações. Foi sempre um fiel guarda-costas que mesmo não lhe pagando salário, daria a vida por mim satisfazendo-se apenas com umas festas de reconhecimento.
Se duvidas houvesse elas desvaneciam-se, com um outro seu comportamento.
Nesta mesma estada tive o paludismo e durante três dias, presenteou-me em total permanência com a sua sentinela, cujo posto de observação achou por bem ser debaixo da minha cama. Dai, controlava todos os camaradas que me iam abordando, questionando o meu estado de saúde mas, se a voz passava os decibéis que para indiciassem alguma afronta, ele rosnava de imediato, mesmo conhecendo bem todos os companheiros daquela aventura. Tive que me levantar com as dificuldades inerentes à febre alta que ainda tinha, para que ele comesse, bebesse e fizesse as suas necessidades, coisa que não fazia havia muito tempo. Foi uma lição de abnegada camaradagem, que marcou todos quantos assistiram a tão grande manifestação de alegria correndo de um lado para o outro, ganindo e saltando contra o meu peito como a querer abraçar-me.

O que a sua atitude transmitiu
Foi mais que uma imagem
Quando guardou não mentiu
No humano é camaradagem

Mais tarde, já em Luanda na base em Belas aproximava-se o fim de mais esta comissão, e de novo abraçava a responsabilidade de Cabo de Rancho. Então, sempre que pela manhã me aprontava para ir para a praça (Maria da Fonte) fazer as compras, “para matar a malvadas dos meus camaradas”, era frequente aparecer junto ao jipe fazendo-me entender que queria ir comigo, assim ia acontecendo mas algumas vezes se descuidou e não foi. Certo dia, não dava jeito que fosse comigo, porque havia muita coisa a comprar e ele sempre contribuía para me empastelar o tempo, conversando com pessoas que entretanto se ia conhecendo, a maioria das vezes por sua causa. Acontecia, que quando ficava na base, muita dessa gente, desde as vendedeiras aos clientes, me perguntavam por ele. Fui forçado a conhecer muitas pessoas, especialmente senhoras, e que senhoras! Então um dia, e sem grande necessidade, lá vai a dupla passar um bocado da manhã, especialmente, para dar dois dedos de conversa com pessoas, algumas delas muito interessantes.

Na zona das bancas de pequeno consumo, estando conversando com a senhora do caldo verde, apercebo-me que lateralmente noutra banca uma senhora já conhecida com a sua mulatinha ali fazia compras. O cesto estava no chão ao lado da empregada já com algumas aquisições, de imediato, pensei numa marosca e sinalizei o cesto ao Dembos e fiz-lhe entender que o fosse buscar. “coisa que fazia com gosto”. A ordem foi cumprida de imediato, com um grau de prontidão de fazer inveja a alguns militares. Coloquei-o do lado oposto às rapinadas protegendo-o da sua visão. Acto contínuo, a mocinha toda atrapalhada, volta-se e revolta-se, e de cesto não havia rasto, levando a senhora a aperceber-se da situação. Foi algum tempo que desfrutei com gozo, na esperança de não ter algum dissabor, mas como era uma das amigas do Dembos, só, presumo eu, dava-me alguma garantia que não ia haver peixeirada. Assim aconteceu, quando comecei a ficar com pena da mocinha, resolvi chegar-me a elas sendo certo, que o Dembos ficava junto ao cesto, e cumprimentei-as envolvendo-me logo nas preocupações, das espoliadas, que ainda não tinham visto o artista que provocou a cena, o que levou a patroa a perguntar por ele, estando de costa para o furto, respondi-lhe chamando pelo “ladrão”.
A senhora era ainda jovem mas muito menos que eu, tinha um sorriso que deliciava quem quer que fosse, mesmo que não se lhe fizesse, uma leitura erótica. Fixou o olhar em mim de tal forma, maliciosa, que eu, até fiquei sem jeito, e sem proveito, ao mesmo tempo que diz, meu malandro olhei para o lado e o rapinante ali estava ao meu lado de cesto suspenso na boca, dando gozo a todos quantos, entretanto se tinham apercebido.
Aquela brincadeira desfez barreiras que facilitaram muito uma aproximação entre pessoas, alguma delas, dariam frutos bem maduros e gostosos, não tenho dúvidas, porque em mais duas vezes que encontrei a dita bendita, estava só, o que não tinha antes acontecido, e não creio que a empregada tenha adoecido. Era uma situação impoluta, a que faltava tempo para dar luta
Tinha chegado a minha última ida á praça de Luanda, e por ironia do destino, fui surpreendido pela voz envolvente e sedutora da dita senhora, com um olá Mário!.. o Dembos foi certamente a razão daquela abordagem tão suave, porque fez-lhe de imediato uma festinha na cabeça, naquele momento, baixei-me também sugerindo ao Dembos que a cumprimentasse o que ele facilmente fazia, levantando a pata direita. Estes movimentos meio atabalhoados provocaram uma pequena colisão nas faces de bombordo, que nos deixou de tal forma afogueados, que mais parecia, que tínhamos estado abraçados.

Os meus avios, eram naquele dia poucos e estavam feitos, já havia tempo gastava o período que mediava a chegada do transporte, despedindo-me de todas as pessoas com quem por ali me fui relacionando, lá fomos descendo e conversando com o à-vontade de quem já se conhece, e desfruta há muito tempo, de alguma intimidade. Estávamos a cair numa emboscada, e se tínhamos armas para nos defender, não tínhamos tempo para o fazer. Estávamos os dois embaraçados, mas já não dava, nem para morrermos por uns minutos abraçados.
No rés do chão era onde se fazia o grosso das compras, foi mais uma vez o Dembos a vedeta. Ai fui abordado por um vendedor que ali tinha vários produtos, que me propôs comprar o cão quando eu terminasse a comissão, eu disse-lhe que estaria só mas dois e embarcava para Lisboa. Olhe dou-lhe quinze contos e fica já aqui, quer? Não! Ele vale mais, quer ver, e ali mesmo, exibiu algumas das suas capacidades, a troco de uma festa do seu dono, que estou certo, ele não trocava pelas da nossa amiga que ali se deliciava.
Aumentou para vinte contos, ao mesmo tempo me dizia que achou muita graça quando da outra vez, ele ficou a guardar a menina no exterior da praça. Também a Filomena, com a sua empregada, neste dia dispensada, assistiu à cena, que levou muito boa gente a ficar muito limitada nas compras, tendo também sido o seu caso. Então a cena é assim: Acontecia muitas vezes ter necessidade de comprar ovos, e como eram sempre muitos, passava pela senhora e encomendava, ela tinha uma filha com quatro anos, que simpatizava de tal maneira com o Fuzileiro, que queria ir sempre comigo, razão, porque o Dembos lhe tinha tanta afeição.
Acontece, que certo dia, não tinha tempo a perder, mas a miúda chorava porque não a levava, então lá lhe dei a mão até á entrada principal e ai sentei-a no chão e disse ao Dembos que a guardasse. (cuidado! guarda a menina!) era quanto chegava para que, quem indiciasse tocar-lhe, e fosse mais ousado, levava pela certa uma trincadela, era essa a minha garantia, já testada em situações semelhantes, mais ainda, tratando-se de uma criança de quem gostava, e se sentia protector. A cena estava armada e os espectadores não tardaram a aglomerar-se à sua volta, então contado por quem assistiu, que a menina levantou-se algumas vezes, mas logo era segura pela roupa, acabando por sentar-se de novo. Quando cheguei, as pessoas estavam maravilhadas com todo aquele espectáculo.
Muitas e enternecedoras histórias protagonizadas pelo Dembos, poderia contar, mas não quero chatear, como fazia, quando o obrigava a guardar, rastejar, saltar, parar, deitar, salvar na água, e outras que não vou relatar.

Fez a viagem de regresso
Na minha memória ele jaz
Tenho muitas saudades confesso
Nos Fuzos ninguém fica para traz


É muito pouco provável que alguns dos figurantes destas passagens, já tão distantes, venham a ler e reviver este palco de cenas hilariantes algumas até provocantes, porque tal como eu, andariam mais de quatro décadas para traz, e seria muito engraçado.
Também sem pestanejar, um abraço para todos, quantos tiveram a paciência de dispensar algum tempo, a ler, porque razão o dinheiro não compra tudo, e vinte contos eram naquele tempo muito dinheiro, mas para amizades de verdade, não há dinheiro nem falsidade, que vença uma realidade.

UM ABRAÇO DESTE VOSSO AMIGO.

Mário Manso