segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O INFILTRADO

Este foi um dos escritos com que quis, em certa altura, dos conturbados acontecimentos da vida associativa, codificar um infiltrado que, para mim, não foi inventado.
Não sei bem com que palavras hei-de começar a descrever do que entendo ser um infiltrado. É que nunca se sabe, se não terá também penetrado na minha mente. Sempre tenho ouvido falar de infiltrados, em tudo quanto é sítio mas nunca me passou pela cabeça, que isso pudesse também acontecer na Associação de Fuzileiros, ainda que saiba, que nos meus tempos de operacional já existiam os pretendentes a agentes da PIDE estagiando, alguns deles com o título de bufos. Já no tempo, houve camaradas de armas apunhalados pelas costas por quem se fazia amigo, dormia ao lado, comia do mesmo e sofria as mesmas agruras da guerra. No entanto, alguns deles, totalmente disponíveis para espetar a faca, servindo os desígnios de quem não queria o seu poder ameaçado. Continua a haver pessoas que se prestam a tudo, desde que vislumbrem que podem tirar alguma vantagem dos favores prestados. A irracionalidade apodera-se facilmente deste tipo de gente que não olha a meios para atingir os fins. O pensamento é a coisa mais democrática que existe, pode-se pensar tudo sem ter contestatários, mas, quando se tenta colocar em prática o que idealizámos, é que a porca torce o rabo, ou seja, gato escondido com rabo de fora. Os contornos de algumas práticas consequentes leva, mesmo qualquer invisual, a ler as evidências das práticas do pensamento transformando-se em Braille. Ou seja, a ideia colocada à luz do dia pode atraiçoar o infiltrado, que de iniciativa própria ou a mando, começa a propalar estratégias que se tornam em distintas peças de lego, porque tudo se começa a encaixar. No tempo em que fiz a guerra, a lealdade foi um padrão com que ombreamos, onde até um infiltrado bem treinado nunca se desmarcava totalmente.
Bem a propósito estes considerandos, para penitenciar a franqueza que sempre existiu na maioria do componentes dos corpos sociais da Associação de Fuzileiros, aqueles que lá estão para servir, o oposto de outros que se querem servir, projectar socialmente e mostrarem que têm poder mesmo que balofo.
Para as eleições de Março de 2008 dinamizou-se uma lista, que pela primeira vez, teve como presidente um ex Marinheiro, ainda que o seu estatuto tivesse uma equiparação acima de oficial superior, nunca foi aceite pelos senhores que se sentiram menorizados hierarquicamente como se a Associação, de uma unidade militar se tratasse. (pensamento meu) Dai, a dificuldade raiando a arrogância, de digerir uma tal situação. (digo eu) Para quem continua a movimentar-se no meio, não era tarefa difícil encetar estratégias para atingir fins confessos, coisa que ao ser tentada, não surtiu os efeitos desejados, ao nível dos mais altos responsáveis da Marinha, e muito menos foi conseguido no que toca à grande maioria dos associados. As pessoas quando querem atingir determinados objectivos utilizam todas as formas mesmo as matemáticas, e se houver à mão quem se preste para fazer o trabalho de ardil tanto melhor. O pensamento é livre, as conclusões são ditadas pelas práticas mais ou menos descaradas, de quem, artisticamente coloca em cena um argumento, nada convincente com tão rudimentares cenas apresentadas. Fácil é chegar à conclusão que não é tudo ilusão, ou por acaso, mas sim, frutos de ocasião. O momento irradiava facilidades para se actuar. O comando (in;) estava moribundo, as forças enfraquecidas porque estrategicamente divididas, a destabilização, seria o princípio do fim. Se assim foi pensado, os artistas intervenientes fizeram bem o seu papel. Mas para colocar em cena final qualquer argumento, é sempre aconselhável uns ensaios, e isso foi sendo feito a partir do dia do Fuzileiro.
A partir daí, houve os artistas activos e os passivos, estes últimos, imbuídos de um espírito construtivo, conjecturo eu, como impunha o momento iam aceitando as cenas mais ou menos tristes, que nem recorrendo à mímica se entendiam, mas deixavam um ambiente cheio de perplexidade na maioria das pessoas que ali colaboravam com a tal lealdade! Aproveitou-se de tudo, cenas tristes foram as mais provocadas e encenadas, mas não assumidas. A unidade por mais de elite que seja, quando falha o timoneiro, o imediato, e o primeiro-oficial, qualquer pequeno vendaval pode colocar a fragilizada nau em risco, mas, com boa vontade e espírito de equipa, (mesmo que o posto seja cabo) pode-se levar a bom porto, para mais, quando ele já se encontrava à vista.
Assim não entendeu a autoridade marítima que colocou fora de combate toda a tripulação, nomeando de seguida, uma equipagem temporária, abrindo caminho para um assalto projectado. Pensa-se até, que haja um agente infiltrado, e tenha sido o mentor da operação desencadeada.
Não se consta nos meus parcos conhecimentos, que na falta do Cte. e do Imediato, se nomeie um homem do paiol, quando existem homens em lugares mais elegíveis. Isto é, e foi contranatura, mas como fazia parte dos planos, presumo eu! Esteve perfeito. Arvorar-se em Cte. se calhar, mesmo sem curso, entrar em conflito com o mestre, tenta dar palpites ao financeiro, e afrontar o único, ainda que incipiente homem, que desde a primeira hora muito se esforçou na feitura do desembarque. (oito números) Teve ainda a agravante, de fugir à responsabilidade na resolução de um problema que afectou a estrutura moral de uma pessoa da guarnição. Depois, insurgindo-se contra a sua substituição de uma forma inusitada transparecendo algum incómodo, tentando mesmo influenciar com propósitos descabidos, uma outra, qual solução!
Configura-se o assalto estrategicamente planeado, cujos contornos são evidentes. O primeiro dos quais, sobressai da pressa manifestada pelo presidente da comissão de gestão último demissionário, dos corpos sociais ora em exercício, quanto à data de entrega das listas concorrentes, tendo ficado aceite em reunião da comissão de gestão o dia 20 de Novembro, mas afinal, a circular mandada aos sócios evoca o dia 13 de Outubro! Tudo isto não será por acaso e se assim penso, é porque o pensamento é livre. Provem-me que não tenho o direito de assim pensar, não afirmo nem desminto, que tudo terá sido estudado ao pormenor. É que, a questão dos agentes infiltrados, muitas vezes funcionam dos dois lados, no caso em apreço, não, porque o dito cujo, só por si, acabou por funcionar para os dois flancos. Direi para finalizar, que toda a arquitectura que foi esboçada teve a colaboração de pessoas, que embarcaram num barco cheio de rombos, guarnecendo e apoiando um sem número de riscos, mal avaliados. Foram coniventes com os objectivos mesmo que fraudulentos, porque é mesmo disso que se trata. Foi uma jogada feita por uma equipa que joga muito na retranca por falta de avançados, mas que neste jogo aproveitou os jogadores da equipa adversária, para marcarem golos na própria baliza.
A equidade deve pautar-se por princípios justos, assim sendo, nunca se deve fazer julgamentos ouvindo só uma das partes, existe o direito ao contraditório, e como toda a gente sabe disso, não se aceitam agora, algumas desculpas esfarrapadas, tentando justificar o injustificável. Não é fácil gerir traições, para mais, alvitradas pelas anuências de pessoas de quem não esperávamos tanto secretismo, como convinha! Conscientemente ou não, eu não sei! Minha frustração é grande, mas a vida contínua, e a Associação de Fuzileiros já é uma instituição, que não se afunda, mesmo com temporais não previstos pelo boletim meteorológico. Certamente, que cedo ou tarde haverá reacções! Veremos! E a primeira reacção aos acontecimentos foi, a que não podia deixar de ser, afastamento de quem desestabilizou, e instrumentalizou, sem qualquer pudor, pessoas de bem e com um espírito de camaradagem que ele terá medido mal, por não ter sido formado nesses princípios, como o são os Fuzileiros.

Mário Manso

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