sábado, 16 de janeiro de 2010

VISITA A UM CAMARADA

Encontrando-se em Elvas em 21 de Agosto de 2009, uma significativa representação da Associação de Fuzileiros por razões de um convite para inauguração de um monumento aos Combatentes, em uma das suas Freguesias, e por haver conhecimento através do camarada Afonso “Gago”que fez parte do Dest nº 2 Angola “Cte. Pontes” de que um elemento dessa unidade se não encontrava bem de saúde, impunha-se a todos fazer-lhe uma abordagem solidária. (mesmo não sendo sócio da Associação) Assim sendo, fomos visitá-lo a sua casa. “zona que é já o limite da sua liberdade” No primeiro contacto, fomos recebidos pela sua esposa, Dona Ana Maria, que de forma muito emocionada, transportava em si uma carga de sofrimento e ao mesmo tempo, de um altruísmo extraordinário. A forma como envolvia o marido era prenúncio de ter saído a sorte grande a este nosso camarada João Mourato Calado. Ficámos muito sensibilizados, com a forma carinhosa como é tratado. Também este combatente, a guerra, foi incapaz de o vencer mas, a tenebrosa doença do Alzheimer, está a envolvê-lo sem dó nem piedade e pouco a pouco o vai asfixiando, o que inevitavelmente, o levará ao fim da vida sem o mínimo de qualidade. Este provocado encontro, só foi possível porque o “Gago” do seu Destacamento se preocupou em dar-me conhecimento do estado deste camarada, e com a colaboração do Óscar Barradas, conseguimos esta visita, isto prova que os Fuzileiros, não abandonam o seu camarada seja em que situação for.
A visita proporcionou-nos uma visita ao seu museu, que se reveste de um espólio extraordinário de peças embalsamadas, resultado das muitas caçadas que fez por toda a Europa,
Esta máxima dos fuzileiros apoia-se na verdade da sua prática, porque são os únicos, que nunca deixaram um camarada para trás, vivo ou morto. Também neste caso, apenas fizemos o que devíamos a um camarada ainda vivo.
Aproveito esta vivência familiar, para dizer a todas as esposas ou companheiras de combatentes, que elas são agora, o nosso apoio mais precioso, e que não há MG ou G3 que resolva, este tipo de guerra. Só a compreensão, o amor e dedicação, lhe pode trazer algum mesmo que rejeitado, conforto.
Sei que o nosso camarada, se encontra já numa situação muito complicada com a doença a impedir-lhe que desfrute do mínimo de dignidade.

Mário Manso

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Mário Manso, é de louvar tal iniciativa e atitude da vossa parte perante tal infortuna de um camarada de armas.

São pois os valores de camaradagem, solidariedade e até mesmo de civismo que engrandecem e distinguem os homens na sociedade actual em que vivemos!

Abraços
"Barco à vista"

Anónimo disse...

Amigo Mário Manso

Faço minhas, as palavras da mensagem anterior, que em poucas palavras dizem muito.

Um abraço

Virgilio Miranda