sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

HISTÓRIA MAL CONTADA

ANTÓNIO MILHEIRO VARANDAS
TAMBÉM MUITO MAL AVALIADO
POR MENTES EM DESMANDAS
QUASE FICAVA SITIADO

UMA HISTÓRIA MAL CONTADA
ESCRITA POR UM TRAMBIQUEIRO
MERECE MAIS ESTA BOFETADA
COM HONRA DE FUZILEIRO

ENTRASTE PELA PORTA GRANDE
CONFESSO: SENTI ABALO
AGORA NADA ME IMPORTA
SAÍSTE PELA DO CAVALO

No passado dia 6/11/09 ao entrar em minha casa fui interpelado, em tom inquiridor, pela minha mulher, que me perguntou o porquê de eu já não ir tantas vezes à Associação como ia.
Respondi-lhe que a Associação estava a ser gerida por uma comissão administrativa com a finalidade de preparar a Assembleia Geral para eleger os órgãos Sociais, uma vez que tinham sido dissolvidos os anteriores por razões que eu próprio não entendi.
Reparei que, enquanto eu dava a explicação, a minha mulher ia meneando a cabeça em sinal de que não acreditava no que eu dizia.
Quando terminei, ela “sacou” duma carta que até ai tinha mantido escondida, entregou-ma e disse: não será por isto?
A carta já estava aberta sinal de que a minha mulher já sabia do seu conteúdo. Entre nós não há segredos.
Procurei o remetente. Lá estava o nome do imbecil que a remeteu. O que diria aquela carta para a minha mulher estar deveras perturbada, ao ponto de me dizer: é por isso que vocês gostam de lá andar, para se meterem com as filhas dos outros.
Gelei! Não por medo ou por qualquer divida que me viessem cobrar. Nada devo, nada temo.
Contudo ali estava eu pasmado diante da minha mulher sem saber o que dizer. Eu, um homem acostumado à guerra, com duas comissões na Guiné e outra em Moçambique para além dum curriculum enorme na área da instrução, desde Recrutas até aos Cursos de Oficiais e Cadetes, com quem muito aprendi e ensinei, que me preso de nunca maltratar ou ser maltratado, ali estava eu parado no tempo, cojitando. Que mais dirá esta carta?
Senti nojo desta gente e de quem lhe apara os golpes!
Numa tentativa de acalmar os ânimos, e uma vez que o que mais parecia preocupa-la era o caso da funcionária, porque nós também temos uma filha, fui dizendo que se calhar a rapariga também tinha alguma culpa e agora atirava com ela para cima do homem.
Foi pior a emenda que o soneto.
Resposta pronta: é dessas que vocês gostam! Dessas malucas!
Naquele momento sentia-me mal. Muito mal.
Já tinha ouvido dizer que o cretino era mentiroso e perigoso. Se dúvidas houvesse elas deixariam de existir.

Por causa de um perigoso inconsciente ali estava marido e mulher desentendidos, sujeitos a deitarem por terra uma vida conjugal de 44 anos, se não houvesse bom senso.
Com a divulgação daquela carta ficou a descoberto o que sempre quis tapar, o que não deviam ter feito. Quis proteger alguém e acabou denunciando. Lamentável!
Para além das várias ofensas que me faz, a mim, e a outros camaradas, que posteriormente tive conhecimento que também eles receberam a carta, penso que de igual teor, o “dito cujo” acusa-me de participar na reunião aonde a ex. funcionária disse o que disse, e no qual acredito.
Como é do conhecimento geral sempre que podia comparecia nas reuniões de que tinha conhecimento, e foram muitas, só não participando naquelas onde só a Família Castrense tinha lugar e conhecimento. Essas sim ilegais.
Quanto ao ter assinado o documento, apenas digo que sempre assinei a minha presença em todas as reuniões em que participei.
Se tivesse havido tino, aquelas declarações não passariam, provavelmente, do arquivo. A pessoa que declarou, desabafou, e por ai se ficaria… Certamente.
Assim… Assim tudo pode acontecer.
Apenas respondo por mim. Por aquilo que digo e por aquilo que faço.
Tanto quiseram esconder o gato que lhe deixaram o rabo de fora. Alguém é responsável por isso.
Que respondam.

Nota: esta carta, onde a realidade e ficção se fundem e confundem, conta uma história dramática só não acontecida, por eu ser conhecedor dos passos do carteiro e estar prevenido. Não fora a prevenção, e a missiva que o cafageste me endereçou cairia nas mãos da minha mulher, e ai, a história deixaria de ser ficção. Tenho a certeza que ninguém duvidaria dela.
A história passaria como uma verdade absoluta, cuidado com as verdades absolutas.

António Milheiro da Piedade Varandas

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