sábado, 2 de janeiro de 2010

COINCIDÊNCIAS OU NÃO, ERA A POBREZA SEM PÃO

É descrito no livro Fuzileiros Força de Elite, os inícios de vida de três jovens antes, de se alistaram como voluntários na Marinha. Achei interessante estas palavras que me foram enviadas através de um email por este camarada Fuzo. por isso esta postagem.

Nasci a 27-01-1947,junto à serra de Montejunto, filho de pai que quando sóbrio, trabalhava na agricultura, e de mãe que fazia das tripas coração para me dar algo para que não passasse fome.com duas irmãs mais velhas: uma já tinha saído para servir como se dizia nesses tempos, a outra ainda estava em casa pois só tinha sete anos; Passados que foram outros sete, veio ao mundo a última dos quatro, para ajudar a comer os restos. Fui para a escola, fiz a quarta classe, com 11 anos, e na semana seguinte eis-me a caminho de Alenquer, como vendedor de leite, de porta a porta, com uma caneco de aço inox e respectivas medidas ás costas, durou pouco este emprego, que era com cama comida e roupa lavada, a comida era composta quase em exclusivo por abóbora carneira, que me deitou abaixo das canetas, e assim, regressei á terra; logo de seguida para não arrefecer e como era um período em que havia muito trabalho no campo, altura da poda das vinhas, aí vou eu para a quinta do ricaço da zona trabalhar de sol a sol, daí passados cerca de três anos foi a minha casa um senhor que tinha uma padaria em Paredes de Alenquer, falar com a minha mãe para eu ir trabalhar para ele(o meu pai tinha-se entretanto suicidado), e aí vou eu ,também como interno para uma nova aventura, primeiro como vendedor, de porta a porta, com um ceirão em cima dum burro e pelas encostas da zona, lá andava eu vários kilómetros por dia, passado algum tempo, passei a ajudar a fazer o pão, mas continuava na distribuição ,normalmente ia agarrado ao ceirão do pão e nos vários percursos onde não havia casas ou clientes cantava ou assobiava para não dormir, mas ás vezes era traído pelo sono e ia andando e dormindo o burro deixava de me ouvir , parava e lá batia eu com a cara no rabo do burro, e é de salientar que quando começava a venda, era noite, por volta das cinco da manhã, chegava a casa ,almoçava e seguia uns dias á moagem á farinha outros à lenha com a carroça com dois burros, por duas ou três vezes que me despedi mas o patrão passados alguns dias lá me ia convencer a regressar o que até nem era muito difícil pois ao fim d alguns dias de enxada na mão, já estava farto dela, e foi este o meu fado, também me deram um percurso alternativo para a venda, quando o meu colega foi para a tropa, tiraram o motor a uma motorizada que tinha também pedais e aí vou eu, aquilo só o peso da bicicleta já chegava para carregar um homem quanto mais com os cestos carregados mas enfim já era uma melhoria, passar de burro para bicicleta, até que, acabado de fazer dezoito anos sou desafiado por um vizinho a alistar-me na Marinha, pois com esta idade já podia ir como voluntário, nem esperei mais, fui saber das papeladas que todos tivemos que tratar, e eis-me Fuzileiro, ficando acampado no campo de futebol do Alfeite a partir de 17-03 1965, até as casernas em Val de Zebro estarem prontas. A minha estadia nos Fuzileiros foi um desastre total conforme já contei no blogue da Companhia 2 de Fuzileiros.
E agora Camarada e Amigo Mário Manso, perguntas porque é que este gajo me vem com esta história? Pois a explicação é simples, acabei de ler um livro que comprei á cerca de duas semanas na nossa Associação, e achei a história daquele rapaz chamado Esquelas, com algumas semelhanças com a minha, pelo menos até á entrada para os Fuzileiros, que não me contive e achei por bem compartilhar contigo esta minha história.

Recebe um grande abraço, com votos de Boas Festas
Virgílio Miranda

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Mário Manso
No dia 24-12,publicastes algo com o titulo; Horas Certas Porque Erradas Não Precisamos:fiz um comentário a dizer que não conseguia ler o que lá estava; pois só hoje consegui saber o que havia de errado;não sei porque carga de água o meu sistema não está a ler os filmes do Youtube,vou ter que o levar a uma consulta,para ver de que mal padece.
Um abraço
Virgilio Miranda