quarta-feira, 23 de julho de 2008

MESMO SENDO IRRISÓRIA, NÃO DEIXA DE SER HISTÓRIA

LEIAM ESTA PROSA, COMO DE UMA PINTURA ABSTRACTA SE TRATASSE.

As potencialidades da juventude
É uma nascente inesgotável
Com mais ou menos virtude
Será sempre água potável

Certo dia, do ano de 1966, dois jovens Fuzileiros encontravam-se de licença na bonita Cidade de Luanda para mais umas horas de descontracção. Por lá iam andando, olhando e observando aqui e ali, umas borrachonas que paradas ou em andamento, eram uns portentosos encantamentos. Algumas até, um autentico deslumbramento, que por momentos, até lhes atormentavam os pensamentos.
Tal como na mata, onde se vive, se morre ou se mata, também naquela clareira que era a Mutamba, aqueles jovens Fuzos rapidamente se aperceberam ter caído numa simpática emboscada, ao sentirem-se flagelados por quatro lindos olhos de duas (MG miúdas giras 42 de cintura) que apoiados nos seus bipés muito bem torneados lhes criavam uns calafrios na espinha, provocando de imediato, as suas armas de tiro simples, que mesmo não tendo sido faxinadas há muito tempo, estavam prontas a responder a qualquer intensidade de fogo, mesmo que as adversárias fossem teimosas na sua conduta e de forma tenaz e resoluta atirassem mais fruta, seriam vencidas na luta.
Divagar um pouco, pode ou não, servir, o objectivo que se quer atingir, mas neste caso, que quase tudo vai ficando fora de prazo, também esta prosa lhe dá azo.
A clareira da Mutamba está cheia de combatentes de ambos os sexos, (tal como eles, umas mais bem armadas que outras) alguns tentam o combate gay, outros tentam o oposto, as sem barbas no rosto, imaginando-se apenas com o que não está exposto, que acariciada com gosto, até provoca prazer e rosetas no rosto, está bom de ver.
Aqueles dois Fuzileiros estavam dispostos a deixarem-se apanhar à mão, mas o mais hipnotizado e introvertido, desabafa dizendo: Já vistes bem aquelas duas garinas? Que borrachos de papo cheio! Comenta o camarada mais atrevido: então tu achas que eu sou cego, ao ponto de não ver aqueles dois monumentos! Haja Deus diz o outro. Mas tu queres que eu, te as apresente, diz-lhe de imediato o mais atiradiço.
É pá deixa-te de tretas, estamos aqui há apenas meia dúzia de dias, ainda só saímos duas vezes e já as conheces? Pergunto: queres conhece-las ou não? Eu não me importava nada, mas aquilo não é peixe que morda o nosso anzol! Quem sabe, se não quererão experimentar uma minhoca bem iscada e fresquinha, acabada de chegar do puto! Com a vantagem de ser disponibilizada a custo zero, por dois pescadores inexperientes! “mas em potencia máxima” Vamos então a elas, mas não digas nada, até eu te as apresentar ok?
Sem o passo acelerado a que estavam habituados desde a recruta, avançaram sem medos para o confronto que se esperava, ser apenas, uma troca de galhardetes sem mazelas imediatas, a não ser, eventualmente, umas palavras menos próprias, mas, das bocas tão sensuais daquelas donzelas, era pouco provável que acontecesse.
Com o cenário montado, havia que dar inicio ao primeiro acto. Um pouco mais distanciados do que aqueles centímetros que os podiam comprometer, o artista principal, iça o seu membro superior direito, como mandam as regras, (o outro, estava no bolso das calças contendo algo, que de cabeça perdida, não se conformava, desejoso que estava, de também entrar em cena) franqueando-o, àquela que lhe pareceu ser a mais destemida, dizendo-lhe: Ora viva! Como está? Muito prazer Mário Manso. Com uma voz melodiosa e sensual retorquiu: Igualmente, Chucha Insatisfeita. Vai tudo bem convosco? Resposta imediata: sim está tudo bem. Acto continuo e sem dar hipótese à sua beligerante de meter bala na câmara, aperta a mão da sua colega que deu pelo nome de Dora, que já disponível lha oferecia para um primeiro contacto e que também, de forma muito simpática e suave, lhe a estreitou de tal feição, que mais foi uma carícia, que um cumprimento.
Entra em cena o segundo actor: apresento-vos o meu camarada e amigo, que também rapidamente simpatizou convosco. Dito isto, a mais reguila e insatisfeita, avança para o confronto perguntando: Mas de onde é que nos conhecemos? Só nos conhecemos daqui não é? De imediato, o guia respondendo ao fogo diz: pois, de facto não nos conhecíamos o que da nossa parte lamentamos! Mas agora já! E será que há algum mal nisso? De maneira nenhuma! A vossa abordagem foi de facto interessante, não foram inconvenientes, e até são muito simpáticos! E não digo bonitos, para que não fiquem vaidosos!
E desataram a rir com gosto com aquele timbre de gostosas. Os dois Filhos da Escola, um pouco convencidos, associaram-se àquele momento hilariante, dando-lhe também umas quantas notas de boa disposição.
Muito obrigado, mas vocês são muito mais que simpáticas. Isso é dos vossos olhos que também são bonitos, disparou a mais desenrascada.
Como diria o nosso compadre Alentejano, isto é que está aqui uma açorda! Os Fuzos, analisando rapidamente a situação, concluíram que tinham caído na zona de morte, e o potencial de fogo, para além de forte era destemido, então tinha que valer tudo, porque alguém tinha que sair vencedor. Estava o baile armado. Era preciso dançar ao som dos acordes, que chegavam daqueles portentosos instrumentos, que à sua frente, de forma carinhosa e quente, lhes entravam nos ouvidos e toldavam a mente, já pouco decente. Entretanto, elas começaram a segredar, ao mesmo tempo que se riam com gosto. Os machos latinos, pensaram logo que haveria por ali, alguma troca de palavras eróticas, e ficaram envolvidos por pensamentos estranhos que sem qualquer pudor, as começavam a despir. Era uma tarefa fácil afinal, até não dava muito trabalho porque as roupas eram poucas, e acima das primeiras dobradiças havia mais de um palmo, que não tinha protecção e os peitos, sem os artifícios de hoje, não enganavam e provocavam uma grande?… desorientação pois claro! Se pensou em outra coisa, valho Deus.
O tempo passava depressa e dois já machibombos tinham partido sem que aquelas dependentes tivessem resolvido partir. Os dois interlocutores tiveram a gentileza de as alertar, que mais um transporte estava a sair, mas logo disseram que pouco importava porque o ambiente estava interessante e tinham muito tempo. Assim sendo, a conversa continuou, fazendo-se algumas abordagens, quase sempre por bombordo porque sendo o lado do coração, a hipótese de bons resultados são sempre maiores!
Era já tarde e a hora de ponta estava vencida. Agora com muito menos assistentes e menos curiosos, tornaram-se ainda mais desinibidas, e a questão era incontornável, e mais cedo ou mais tarde com mais ou menos morteirada, havia de se voltar à razão do porquê, de Chucha Insatisfeita, porque até eram duas palavras que se entrosavam bem e para mal dos pecados, daqueles depravados, só contribuíam para serem assaltados por pensamentos ingratos. Olhe uma coisa: como é que lhe deram um nome tão desadequado, você que é uma moça tão feliz e satisfeita? Já não falo da Chucha, porque quanto a isso por aqui me fico dizendo: é uma coisa onde se pode mamar não é verdade? Sinceramente: se assim é, não importava nada, de voltar a bebé.
Como é que pode garantir que sou uma pessoa satisfeita! Bem: a essa questão podia-lhe responder de duas maneiras, mas prefiro dizer-lhe apenas, que se em algo poder contribuir para que atinja a plena satisfação conte com a solidariedade de um Fuzileiro porque essa é, uma das nossas características. Olhe que gostei dessa resposta mesmo sendo um pouco erótica. Peço desculpa se por ventura fui inconveniente! Qual quê esteja à vontade, eu gosto das pessoas que sem serem malcriadas se sujeitam a dizer o que pensam. Entretanto, o outro camarada ia debitando alguma conversa, dando assim folga para que o pretenso declamador, arregimentasse uma quadreca qualquer, que desse alguma resposta à franqueza e espírito de luta, daquelas maganas. Aqueles dois bibelôs já estavam em Angola desde pequenas, eram oriundas do Algarve e amigas inseparáveis, desde a viagem. Era demais evidente e nem era preciso ser crente, para ver o que se tinha em frente. Então, fabricados que estavam os versos, é-lhes perguntado se não se importavam de ouvir, o que havia para lhes oferecer, a mais foliona disse logo, não me diga que é uma declaração de amor! Tudo depende como interpretar o que lhe vou dizer proferiu o declamador.

Este encontro inesperado
Que estamos alimentar
Deixa-me todo grudado
Ao que gostaria experimentar

Que coisas boas, tão fofinhas.
Bendito seja, quem vos mereça
Era bom, que fossem minhas
Para eu perder, minha cabeça

Nesta conversa brincalhona.
Em que tudo pode acontecer.
Não me importava de lhe ir à?.
Antes de consigo adormecer


Mais uma vez, emergiu uma rizada, gostosa e bem temperada, rematando a mais folgazona: não leve a mal a pergunta, mas de que cabeça está a falar? E a risonha sinfonia a quatro, voltou a impor-se. Depois, todos ficaram calados, e meios embaraçados. Gosto das pessoas que dão luta, e não vai ficar sem troco, só não sei, se vai entender, e se gosta da resposta. Força fuzileiro, sem medos, retorquiu a brincalhona numa boa. Então cá vai, espero que tenham estaleca, e me perdoem a falta da palavra queca.

Se for possível concretizar
Esta ideia maravilhosa
Pode ser antes de casar
Porque é muito apetitosa

Desculpem lá minhas queridas
Esta pequena maldade
Mas porque são aguerridas
Merecem esta frontalidade

Vale sempre a pena lutar
Por algo que dê prazer
Gostava de a conquistar
Para a poder satisfazer
Se quiser colaborar
Basta apenas me dizer

Encaixaram sem reserva e um pouco eufóricas disseram, que eram muito criativas e intuitivas. Já naquele tempo, havia pessoas sem grandes tabus e o que estava acontecer, era uma agradável surpresa, para quem estava habituado a tantas limitações. Senão, veja-se a reacção da artista principal. Dá um passo em frente e espeta dois beijos no focinho daquele incrédulo Fuzo, que de desorientado que ficou e se não fosse ainda dia, não se sabe o que aconteceria se a beijava se a?…. pois, logo se via!.

Os fuzileiros, são treinados para enfrentar as situações mais adversas, sem nunca escolher o meio ambiente onde possam ocorrer, para tanto é necessário haver antecipadamente algumas informações e reconhecimento das zonas onde se vai actuar, para assim se definir a estratégia mais adequada, deforma a vencer todas as dificuldades e conquistar o objectivo.
A luta em que entrámos está a dar muito gozo, e a poder-mos continuá-la, iríamos certamente despoletar sensações bem diferentes de outras, obtidas em outros tipos de confrontos. Não só, porque o belicismo das armas são diferentes, mas também, porque neste caso, basta que sejam estimuladas, para se evidenciarem e ficarem prontas a disparar, nunca ejaculando balas que possam matar, mas muito pelo contrário, dar vida, procriar.
De repente diz a Dora: é pá está a ficar na hora! Mais um pouco, não achas que o diálogo está interessante? Questiona a insaciável. Sim! Mas é muito tarde e os nossos pais já devem estar em cuidados! Diz o ponta de lança: isso só acontece, porque eles não sabem que vocês estão em boas mãos, e muito capazes de as levarem a casa inteirinhas mas se calhar, insatisfeitas. Melhor dizendo, deixando os quatro descontentes, porque depois de uma luta tão intensa, impunha-se saltar em cima do IN. (Interessantes Noviças)

Pena foi, que dos bons ingredientes que havia, nomeadamente, boas melancias, grelos, tomates e pepinos, não se concretizasse uma faustosa caldeirada.
Mas o destino, nem sempre é compreensivo ao colocar naquela clareira, onde quatro jovens lutavam pacificamente, um impertinente carro, com um casal de preocupados progenitores de uma delas, que se propunha entrar na contenda sem que para ela fossem chamados, se alguma mais valia neles existia, seria apenas na experiencia, porque sendo as armas semelhantes, estariam mais gastas, e já sem capacidade, para dar dois tiros seguidos. Mas os argumentos eram fortes e demolidores e foi sem mais explicações e sem despedida, que tristemente avançaram para o carro e desapareceram na confusão do trânsito. Foi pouco perceptível algo que uma quis dizer, ficou a ideia, que gostariam de os voltar a encontrar.
A juventude faz parte do destino, mas algumas vezes, de forma abrupta é-lhe alterado, e a porta franqueada, antes de ser aberta, foi fechada e quem sabe, se o percurso daquelas almas não teria sido mais interessante!

Foi um desfecho inesperado e pouco desejado, acabou por ser ao mesmo tempo, o primeiro e último assalto, e uma grande desilusão! Era destes inimigos que dão luta pacífica, que os jovens treinados para a guerra, também tinham necessidade, para obter alguma felicidade, que o dever, muito cedo lhes roubou, e nunca compensou.
Poucos dias depois, abandonam a cidade onde só voltaram perto do fim da comissão.
E foi assim morta à nascença, uma boa hipótese de quatro jovens, poderem desfrutar do que mais belo a vida tem para dar.
E a chucha insatisfeita, não se sabe se alguma vez terá sido satisfeita, e a amiga? Será que também terá herdado o nome da amiga! Porque insatisfeita, com os desejos não satisfeitos, por algum sujeito que sem jeito, não colocou hirto o que ela tinha direito! Mas como a guerra é isto mesmo, uma fera sem respeito, nada feito.

Para não ser de modas, e sem dizer palavras incómodas, direi que se perderam muitas? É evidente e claro que a penetração acabaria por ser uma boa solução.

Se fosse jovem, e pudesse voltar a calcorrear os mesmos trilhos voltaria, quanto mais não fosse, para que imprevistos como estes não acontecessem.

Sejam felizes com todos os pensamentos e soluções que vos assaltaram a cabeça, mas o principal busílis da questão é sempre, a dificuldade da concretização.
Vale sempre a pena falar de coisas sérias, brincando com a chama de um lume, que pouco a pouco, vai murchando, ficando, cada vez mais brando.
Gostaria de saber, se o tempo que perdeu, valeu esta história verdadeira que não morreu.

Me desculpem, mas daqui vos mando, um abraço sem erotismo.

Mário Manso

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem, Sr. Mário... isto faz-me lembrar os tempos em que tentávamos passar desesperadamente a vassoura a outro nos bailes das aldeias.

Um abraço