segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Minha Música.




James Last Playlist at MP3-Codes.com
Um Grande Abraço Mário Manso.

Não te percas.

"Jamais me submeterei às horas: as horas foram feitas para o homem, e não o homem para as horas."

(François Rabelais)

Mário Manso.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

EPISÓDIOS EM TEMPO DE GUERRA


As mentes dos combatentes têm muitas histórias guardadas, algumas a sete chaves como se costuma dizer. Mas já vai sendo tempo, de lhes darmos asas e as colocarmos a voar.

São muitos os camaradas que retêm ainda muito solidamente, muitos dos episódios em que participaram enquanto militares, que se reportam a momentos vividos na acção da guerra, ou mesmo nos momentos mais descontraídos daquelas horas que preenchiam os períodos de licença, em que muitas vezes se tornavam muito activos, confusos, e violentos até, fruto de uns copos a mais, que não permitiam um juízo apaziguador de uma qualquer inconveniência, ou então, porque se tinha a consciência de que podia ser a última oportunidade que se desfrutava, porque o amanhã, podia ser o último, de um não mais amanhã. A guerra induzia muita instabilidade, especialmente ao nível do comportamento dos militares, antes e depois das refregas que nos era imposta pela actividade dos guerrilheiros.
Tal como a grande maioria, também eu me não envergonho de ter participado em muitas coisas, tenham elas, mais ou menos dignidade, na perspectiva do casuístico espectador, ou dos prevaricadores e participantes na contenda.

E coisas há, de que me orgulho ainda hoje, e para sempre. Os Fuzileiros tinham como princípio, não deixar de fazer os ajuntes de contas que na sua perspectiva entendiam dever ser feitos, “sempre foram de boas contas” foi isso que desta feita, mais uma vez aconteceu.

Para tanto, contribuiu um acidentado episodio, em que um filho da escola, o então cozinheiro do navio hidrográfico Carvalho Araújo esteve envolvido, e que sem querer, (despoletou uma intervenção marginal a qualquer directiva de comando), quando certo dia, usufruindo de mais um dia de licença, vai até São Paulo, “bairro de aluguer de alguns prazeres” composto por gente maioritariamente nativa, para aí tentar uns momentos mais íntimos que o compensassem da falta de tanta coisa que a vida tem, e que a algumas delas qualquer um se sente minimamente com direito, seja através da conquista, da dádiva, ou da compra. Foi a esta última opção que ele se candidatava naquele dia, em que a morte quase o assaltou, e por muito pouco tomava o lugar do prazer que pretendia porque a tragédia esteve perto de acontecer. Ao deslocar-se para o objectivo, foi emboscado e agredido tão selvaticamente, que a intenção, era mesmo liquidá-lo. Infelizmente, isso já tinha acontecido a outros militares do Exército, naqueles santuários camuflados que eram, os muceques que envolviam a cidade de Luanda.

Decorria então o ano de 1964 e estava o meu 6º Destacamento em Stº. António do Zaire, enquanto em Luanda se encontrava outro, em tempo de intervenção, essa unidade estava recheada demais de elementos de “antes quebrar que torcer”, e como uns fazem os outros, muitas vezes o que custa é aparecer a iniciativa, que depois a disponibilidade e empenho de camaradas não falta.

Ao regressar à cidade de Luanda depois de mais uma intervenção em zona da guerrilha, e ao ter conhecimento do tratamento dado ao filho da escola, que não sendo Fuzileiro era como todos os outros, merecedor da solidariedade dos Fuzos, tanto mais, que o camarada era um homem que primava por conviver e estar sempre por perto da malta. Talvez também por isso, resolveram saldar as contas que estavam em atraso até porque se impunha dar uma lição exemplar antes que fosse tarde, e que os juros fossem mais tarde incomportáveis e ficasse como divida para toda a vida, a vida de alguém. Foi planeada então, uma intervenção, e da estratégia constava por fazer incidir em locais diferentes escaramuças, para aí fazer chegar as forças de segurança, as várias polícias “civis e Militares” este primeiro objectivo foi atingido com êxito o que proporcionou o tempo adequado para que a intervenção na zona planeada fosse suficiente sem o inconveniente de engulhos de última hora. “Este bairro era dos que mais confinava com a cidade”

Depois do lançamento do very light à hora previamente estabelecida, deu-se o assalto com algumas armas que se tinham levado, G-3, (desmanchadas em sacos) facas, punhais e granadas. Os objectivos da operação relâmpago foram alcançados e os mortos foram umas dezenas. Toda a rapaziada que interveio regressou à base que naquela época eram as I.N.I.C. (instalações navais da ilha do cabo) sem que alguém fosse apanhado, uns alcançaram as instalações a nado, outros com a colaboração dos taxistas e a compreensão da polícia naval que na única passagem por terra controlava a situação, e que era formada por camaradas Fuzileiros.
Houve dois camaradas pára-quedistas, que fizeram questão de participar. Um deles foi apanhado e esteve preso. Realço uma curiosidade, mesmo que macabra. Um camarada que esteve operacional naquele ajuste de contas, por não ter encontrado a sua navalha da ordem, pediu ao camarada que estava de serviço à porta de armas que lhe emprestasse a sua a que o dito se prontificou, essa navalha foi por ironia do destino a única denúncia da actuação dos Fuzos, por ter ficado espetada no peito de uma vítima. Mas de nada valeu como prova, porque o nº que a denunciava era de um camarada que esteve de guarda às instalações na noite da ocorrência, e ao ser interrogado, disse que a tinha perdido.

Admito algumas omissões, na descrição feita por não ter participado na refrega, mas não me frutaria a ela, por isso aqui estou a tentar dar uma panorâmica o mais fiel possível do que me foi contado. E como é óbvio, não me envergonho de mais uma atitude autónoma e assumida colectivamente, como em tantas outras ocasiões e locais ocorreram, com bons e justos resultados.

Para lá de todas as opiniões manifestadas, mais ou menos severas desta atitude, que então ocorreu, críticos houve, que se deviam despir das asas que abusivamente vestiram e vestem. Os senhores, causadores e sustentadores das guerras, que nunca pagaram as suas facturas, e nunca sofreram as suas agruras, estarão sempre em dívida com algo que tenha a ver com a dignidade, e a defesa da honra. Os Fuzileiros, mal ou bem, têm pago as suas, algumas vezes com a vida, não abdicando de princípios e valores, que incredulamente para alguns samaritanos, nos orgulham!
Mário Manso

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

MULHER NÃO MERECIA 3

15
Às mulheres devemos respeito
Não as queremos na lama
E longe do chão o seu peito
Gostamos delas na cama
16
Se continuarmos desistindo
De princípios que são nobres
Vão os exemplos partindo
E todos ficamos mais pobres
17
Falta muito realismo
A tamanha imposição
E a um falso moralismo
Mulheres nos Fuzos, não
18
Sendo uma vontade imposta
Por algum dito responsável
Só pode ter como resposta
Uma atitude pouco afável
19
Dão ordens às forças armadas
Que das suas águas não bebem
São como crianças desmamadas
Que de leite nada percebem
20
Se nas fileiras entrarem
Não se deve facilitar
Se as quiserem ajudar
Façam-no depois de deitar
21
Não é somente maledicência
Apoio-me no conhecimento
E quando não há consciência
Fere-se muito sentimento
Mário Manso

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A BOINA DE FUZILEIRO

A BOINA AZUL FERRETE
É DOS FUZOS COM ARDOR
NÃO APENAS UM BARRETE
EM CABEÇAS SEM PUDOR

A boina é um símbolo a respeitar
Património de quem muito lhe quer
É preciso sofrer para a conquistar
Não serve para uma cabeça qualquer

Não pode ser desconsiderada
Por tudo quanto ela representa
Deixem-na estar sossegada
Na cabeça de quem ela assenta

A boina não fica dignificada
Cobrindo quem nada sofreu
Porque ao ser conquistada
Honra-se quem por ela morreu

Lealdade orgulho e destreza
São valores de referência
Seria uma grande tristeza
Não respeitar a coerência

Deve cobrir quem a merecer
Os Fuzileiros que a conquistaram
A Marinha não pode esquecer
Do orgulho que nunca mataram

A boina é um valor adquirido
Para milhares de Fuzileiros
É um património muito querido
De que nem todos são herdeiros

Espírito que a não mereça
Não deve dar protecção
Só deve cobrir a cabeça
Que a tenha no coração

A lealdade conquistada
Pela boina nossa rainha
Merece ser respeitada
Por toda a nossa Marinha

A boina aconchega a mente
De quem por ela lutou
Em cabeça que nada sente
É como tiro que a matou

Lágrimas como juramento
Nas dificuldades da conquista
Num percurso de sofrimento
Em que até a vida se arrisca

Na Marinha com tradições
A boina deve ser honrada
Não lhe criem condições
Para vir a ser mal tratada

Estar na cabeça de alguém
Que nem passo por ela deu
É como chamar do além
Quem ainda não morreu

Muito orgulhoso e honrado
Pela boina conquistada
Por ela ter sofrido e lutado
Não deve ser desconsiderada

EX-CABO FZE

Mário Manso

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

UMA OPINIÃO APENAS

CARÍSSIMOS CAMARADAS E AMIGOS:

Quero que saibam, que se me disponho, dedicar muito do meu tempo à Associação de Fuzileiros é porque, ainda acredito que os Fuzos continuam interessados em manter os seus laços de amizade e camaradagem, fortes e indestrutíveis, como sempre os alimentei. No entanto, algumas coisas começam a deixar estes princípios enublados. O mau estar de que me tenho apercebido existir, entre um grupo já organizado, e um outra a caminhar nesse sentido, (zona norte) penso que pode ser fruto e resultado de falta de algum diálogo, pelo menos.
Pontos de vista, opiniões e críticas, são próprios do ser humano, quando se empenha em algo, que não corre, como cada um mais gostava. Tenho a percepção, de que, nem só uma parte é portadora de todas as razões! Um lado e o outro, apoiam as suas atitudes e diferenças, “se as houver” em qualquer coisa que certamente, não é abstracta! Os Fuzos, sempre tiveram capacidade para contornar ou ultrapassar dificuldades, mesmo enfrentado o inimigo, mas o caso em apreciação, não deve ser motivo para contendas entre pessoas que se dizem pertenceram à mesma família, não faz qualquer sentido!... No facto, não está em causa nenhuma herança com valores monetários, mas, está a pôr-se em causa um património muito valioso, que levou muitos anos a construir, com grande sacrifício, mesmo, de vidas, e foram essas atitudes e comportamentos que ainda hoje provocam inveja e respeito, a muita gente, portanto há que dar bons exemplos. Penso que não assiste o direito a quem quer que seja, de abanar estes alicerces construídos por todas as gerações de Fuzos. Tem que ser pacífico para todos, o direito de as pessoas se poderem agrupar, sem agruras ou outros males, porque quando se perspectiva, que isso pode trazer vantagens aos seus aderentes, ou mesmo a outros agregados congéneres, pode até, ser salutar e motivador de mais dinamismo, e que não deixe, o marasmo apresentar-se activo e consequente. Sou, dos que muito cedo apoiou, e continuo a apoiar o núcleo do porto, mas não me custa aceitar, que outros camaradas queiram dinamizar em determinada zona um grupo de fuzileiros que de outra forma, não podiam desfrutar do convívio com os seus camaradas de armas, por razões que se podiam enumerar. Se muitas vezes, não conseguimos gerir de forma racional, as atitudes mais ou menos perniciosas, com o nosso semelhante, acontece, que reacção provoca reacção, e nem sempre o resultado, resulta.
Sermos amigos, tolerantes, dialogantes, e camaradas de verdade, é o mínimo que se deve esperar de todos, sem falsidade.
Por alguma razão os FUZILEIROS SÃO DIFERENTES.

CAMARADAS, AQUI FICA A MENSAGEM
DESTE VELHO, MAS SEMPRE FUZILEIRO
NUNCA EMPENHEM, A CAMARADAGEM
E SÓ O LODO, SEJA O NOSSO ATOLEIRO

Para todos os meus camaradas de armas sem qualquer distinção, um forte abraço anfíbio.

Esta opinião, apenas vincula o autor.

Mário Manso